A existência é anterior à representação da existência, claro. Tal evidência dá pistas para uma verdade menos óbvia, que diz respeito à substancialidade das coisas: nenhum signo encerra um significado em sua totalidade. É sempre como uma fotografia que, por mais ampla, nunca capta o todo. De modos diversos, o mesmo ocorre com todas as formas de compreensão e de reprodução da realidade (como é o caso da linguagem) - se bem que a própria
compreensão já possa ser entendida como uma
reprodução, já que ela também se dá por meio de uma linguagem, talvez a que temos menos acesso, mas ainda assim uma linguagem, pois que o cérebro não faz senão representar. Ocorre que estamos acostumados a tomar conhecimento da existência
representada, tendo em vista que, se nossos sentidos nos prestam essa possibilidade, nos restrigem a outra, que seria ter acesso à existência
in natura. Parece mesmo que a aproximação a esta existência pura não se dá pela via dos sentidos, pois nunca se encontram certezas de que as verdades estão, de fato, acercando-se da Verdade, ou seja, isto nunca é
sabido, é, no melhor dos casos,
intuído, configurando-se, assim, mais como um
sentimento. O modo racional de representação do infinito é convencionado, e não poderia ser de outra maneira: o infinito não
cabe em saber, só pode ser intuído, por isso é taxado por símbolos quando referido, como acontece com a própria palavra
infinito. Sozinha, a palavra diz nada (aliás,
nada ao infinito), de maneira que só temos uma
idéia do que ela pode representar através de sua associação com outras palavras.
[Por enquanto, este pensamento de segunda pára aqui. Já posso ler inconsistência na minha premissa ("Tal evidência dá pistas..."), mas posso ter acertado em alguma coisa (tendo, quem sabe, atirado para muitos lados). O fato é que a idéia de limite tendendo a zero, com que tomo contato agora em Cálculo I, foi que me (ins)pirou. Espero esclarecer alguns pontos que para mim são relevantes disso tudo, o mais breve. E ir adiante.]