quinta-feira, abril 27, 2006

Frege publicou em 1892

Assim começa Sobre o Sentido e a Referência, segundo capítulo de Lógica e Filosofia da Linguagem.

"A igualdade¹ desafia a reflexão dando origem a questões que não são muito fáceis de responder. É ela uma relação entre objetos ou entre nomes ou sinais de objetos? Assumi a última alternativa. As razões que parecem apoiar essa concepção são as seguintes: a=a e a=b são, evidentemente, sentenças de valor cognitivo diferentes; a=a sustenta-se a priori e, segundo Kant, deve ser denominada de analítica, enquanto que sentenças da forma a=b contêm, freqüentemente, extensões muito valiosas de nosso conhecimento, e nem sempre podem ser estabelecidas a priori. A descoberta de que o sol nascente não é novo cada manhã, mas é sempre o mesmo, foi uma das descobertas astronômicas mais ricas em conseqüências. Mesmo atualmente, o reconhecimento de um pequeno planeta ou de um cometa nem sempre é evidente por si. Assim, se quiséssemos considerar a igualdade como uma relação entre aquilo a que os nomes "a" e "b" se referem, pareceria que a=b não poderia diferir de a=a, desde que a=b seja verdadeira. Deste modo, expressaríamos a relação de uma coisa consigo mesma, relação que toda coisa tem consigo mesma, mas que nunca se dá entre coisas distintas. Por outro lado, parece que por a=b quer-se dizer que os sinais ou os nomes "a" e "b" referem-se à mesma coisa, e neste caso, a discussão versaria sobre estes sinais. [...]"

[¹ Uso esta palavra no sentido de identidade e entendo "a=b" no sentido de "a é o mesmo que b" ou "a e b coicidem".]

quarta-feira, abril 26, 2006

Provando que 1=2

Seja a=b. Então,  (IMAGE) . Somando-se um mesmo valor em ambos os lados não altera a igualdade, logo  (IMAGE) . Assim,  (IMAGE) . Adicionando-se agora 2ab a cada lado da equação, resulta em  (IMAGE) . Assim,  (IMAGE) , que pode ser escrito como  (IMAGE) . Cancelando o termo  (IMAGE) de ambos os lados na equação, resulta que 1=2.

Problema de Agência


Quando o Sem Nome arrodeia, nem não se sente o qual, que mesmo estando ele estado, fica tal e qual como antes era. Mas isso é só diversão, porque, mesmo na surdina e no escamoteado, o Ele por ali vagueia. Qualazartes que não prega, no mesmo ficando, e a cabeça aluzindo com as maladezas que nem na idéia se há de fazer. Então que o cuidado que se carece de não pelo Birolho chamar, redobrado tem de ser no também de não pensar. É quando não se mais pensa que no lusco-fusco da confusão que já tá feito o trato. Mas que trato é esse que não se põe a fé do escrito, a fé da palavra, a fé do fiador? É esse trato de valença? Nesse não creio, não boto fé. E uso e abuso das capacidades que o Sacripanta por gosto próprio me confere, mas na hora do acerto não entrego. Que trato feito sem o aval é do sem valia, e minha alma na hora derradeira faço gosto de não dar em mãos.

La música - Yo la tengo

A música cumprimenta o tempo e segue seu caminho.


Ouvindo o cd desta capa, Mishimoshi-moshi, Yo la tengo.

segunda-feira, abril 24, 2006

À RBS

Tenho redação criativa, idéias sem patente e preocupação social. Trabalho melhor sob pressão e sou o ócio em pessoa quando não incentivado - por outro lado, as coisas facilmente me instigam. Sou bastante cooperativo, ainda que a falta de comunicação falada seja por vezes empecilho. No papel sou fluente em português, espanhol, manjo de inglês e informática e linguagens artísticas. Porque me habituei a exercer o pensar, pergunto bastante e sugiro respostas. Tenho desejos mas, antes, necessidades e me disponho com prazer a priorizar necessidades maiores, que não minhas. Sou um ser em dúvida por nascimento e insatisfeito por opção. E quero ser colega do L.F.Veríssimo, por merecimento.

Fiz cursinho Pré-Vestibular de meio semestre, concomitantemente ao terceiro ano, e essa foi uma experiência valorosa pois me abriu ao conhecimento de forma definitiva. Fiz uma viagem memorável, a ser repetida, por Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai - Santiago, particularmente, me abriu horizontes ao mesmo tempo em que me inseriu no mundo. Fiz o curso de desinibição e oratória que abriu o meu horizonte particular, revelando potencialidades antes abaixo da superfície. Fiz parte de um time vencedor durante os anos 90, no meu colégio, onde aprendi o que é ser parte de um grupo, o que é recuperar-se e o que é ser líder e incentivador. Fiz inúmeras cadeiras na faculdade que me colocaram a par do poder da comunicação, bem como do seu potencial riquíssimo a ser explorado. Li O tempo e o vento, Quando Nietzsche chorou, A insustentável leveza do ser, entre outros, que me abriram para tudo aquilo que eu considero estar aberto. Fiz um curta-metragem na faculdade e um poema meu foi musicado por um amigo. Tenho e divido blogs, como pode ter sido adivinhado.

quinta-feira, abril 20, 2006

Joan Miró [1893-1983]



Contemporâneo do fauvismo e do cubismo, Miró criou sua própria linguagem artística e procurou retratar a natureza como o faria o homem primitivo ou uma criança, que tivesse, no entanto, a inteligência de um homem maduro do Século 20.

Joan Miró nasceu em Barcelona, na Espanha, em 20 de abril de 1893. Apesar da insistência do pai em vê-lo graduado, não completou os estudos. Freqüentou uma escola comercial e trabalhou num escritório por dois anos até sofrer um esgotamento nervoso. Em 1912, seus pais finalmente consentiram que ingressasse numa escola de arte em Barcelona. Estudou com Francisco Galí, que o apresentou às escolas de arte moderna de Paris, transmitiu-lhe sua paixão pelos afrescos de influência bizantina das igrejas da Catalunha e o introduziu à fantástica arquitetura de Antonio Gaudí.

Miró trazia intuitivamente a visão despojada de preconceitos que os artistas das escolas fauvista e cubista buscavam, mediante a destruição dos valores tradicionais. Em sua pintura e desenhos, tentou criar meios de expressão metafórica, ou seja, descobrir signos que representassem conceitos da natureza num sentido poético e transcendental. Nesse aspecto, tinha muito em comum com dadaístas e surrealistas.

De 1915 a 1919, Miró trabalhou em Montroig, próximo a Barcelona, e em Maiorca, onde pintou paisagens, retratos e nus. Depois, viveu em Montroig e Paris alternadamente. De 1925 a 1928, influenciado pelo dadaísmo, pelo surrealismo e principalmente por Paul Klee, pintou cenas oníricas e paisagens imaginárias. Após uma viagem aos Países Baixos, onde estudou a pintura dos realistas do século XVII, os elementos figurativos ressurgiram em suas obras.

Na década de 1930, seus horizontes artísticos se ampliaram. Fez cenários para balés, e seus quadros passaram a ser expostos regularmente em galerias francesas e americanas. As tapeçarias que realizou em 1934 despertaram seu interesse pela arte monumental e mural. Estava em Paris no fim da década, quando eclodiu a guerra civil espanhola, cujos horrores influenciaram sua produção artística desse período.

No início da segunda guerra mundial voltou à Espanha e pintou a célebre "Constelações", que simboliza a evocação de todo o poder criativo dos elementos e do cosmos para enfrentar as forças anônimas da corrupção política e social causadora da miséria e da guerra.

A partir de 1948, Miró mais uma vez dividiu seu tempo entre a Espanha e Paris. Nesse ano iniciou uma série de trabalhos de intenso conteúdo poético, cujos temas são variações sobre a mulher, o pássaro e a estrela. Algumas obras revelam grande espontaneidade, enquanto em outras se percebe a técnica altamente elaborada, e esse contraste também aparece em suas esculturas. Miró tornou-se mundialmente famoso e expôs seus trabalhos, inclusive ilustrações feitas para livros, em vários países.

Em 1954, ganhou o prêmio de gravura da Bienal de Veneza e, quatro anos mais tarde, o mural que realizou para o edifício da UNESCO em Paris ganhou o Prêmio Internacional da Fundação Guggenheim. Em 1963, o Museu Nacional de Arte Moderna de Paris realizou uma exposição de toda a sua obra. Joan Miró morreu em Palma de Maiorca, Espanha, em 25 de dezembro de 1983.

©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

quarta-feira, abril 19, 2006

Das inconformidades

Poderia haver, e pode, alguém que não suportasse o sol e sua luz, fosse porque não simpatizasse com o azul que adquire o céu. No entanto, em lugar dele, haveria de existir outro condicionante para sua própria vida, eis que depende de energias cuja fonte é, hoje, unicamente o astro mencionado. Pois, e se, supondo-se, tal substituto fosse encontrado e experimentado na prática? Com que cor o céu se pintaria? Qual a chance deste novo, digamos, layout, agradar a todos? Nenhuma, certamente. Esse exemplo não implica nem determina a abolição do descontentamento, mas sublinha que todo desacordo deve estar ciente do que é inerente ao que se chama viver – seja a energia vital, sejam todos nossos intrínsecos pormenores, como o próprio descontentamento.

Nesse sentido, por exemplo, poderia se pensar com mais imparcialidade sobre o tão difamado capital.

terça-feira, abril 18, 2006

Watch out where the huskies go, don't you eat the yellow snow.

segunda-feira, abril 17, 2006

A Verdade por si mesma não tem nenhum valor

Há uma coisa mais dolorosa do que nunca poder ouvir a verdade - é nunca poder exprimi-la, mesmo com a melhor vontade do mundo. Porque o que quer que digamos, o outro não escuta nunca a verdade que lhe queremos transmitir. Aquilo que sai dos nossos lábios e o que se passa na alma do outro, são sempre duas coisas diferentes. No instante seguinte deixa de ser semelhante - isso depende de tantas coisas que nada tinham a ver com a tua verdade e a tua vontade de verdade - isso depende do que o outro queria ouvir, da situação em relação a ti, etc...
E a verdade por si mesma não tem nenhum valor, é como uma moeda num país onde não é corrente.

Arthur Schnitzler, in 'Relações e Solidão'

quinta-feira, abril 13, 2006

A armadilha da metáfora

Há de se ter cuidado com as metáforas: a magia que produz o riso pode esconder o veneno que aborta o pensamento.

quarta-feira, abril 12, 2006

?

Porque a verdade não nos é explicitada pela razão, somos seres da dúvida. Não há razão em viver senão pela própria busca desta razão. Aqueles que ignoram isso talvez se sentirão confortáveis, mas sempre desumanamente completos. Qualquer ponto de exclamação de nossa existência precede a interrogação.

terça-feira, abril 11, 2006

Markets are everywhere

Até no Grande Sertão:
"Nas folgas vagas, eu ia com os companheiros, obra de légua dali, no Leva, aonde estavam arranchadas as mulheres, mais de cinqüenta. Elas vinham vindo, tantas, que, quase todo dia, mais tinham que baratear. Não faltava esse bom divertir. Zé Bebelo aprovava: -"Onde é que já se viu homem valer, se não tem à mão estadas raparigas? Ond' é?" Mesmo cachaça ele fornecia, com regra. -"Melhor, se não eles por si providenciam, dão logo em abusos, patuléias..."
Se a verdade percebida parte de um ponto de vista, então a viagem de volta é uma viagem sem fim. Não existe ponto que possa ser recortado e colado com perfeição, isso porque, na realidade, não há ponto e sim movimento. A verdade que é acessível aos nossos sentidos está, por nossos sentidos, envolta em neblina. Fosse possível desprender-se do tempo e de todos os contextos em que nos encontramos, ou seja, desfeita essa névoa, ainda assim estaríamos sujeitos a uma verdade incompleta e desfigurada. De um certo modo, a verdade não deixa de inexistir. A existência não pressupõe algum sentido?

segunda-feira, abril 10, 2006

A língua subtraída

A língua que falas despojou-se de sentido. Ela não tem assovio, latido, nem riso de criança. Tua voz perdeu a vez na atmosfera corrompida com vulg'ares de esperança. Ela não tem nexo, não tem lógica: é disléxica sendo só analógica. Teu discurso não tem curso, nem nascente nem foz. Ele é desconexo de si próprio, de todos nós, um liberal suicida. E o teu texto? Sem entrada nem saída! Foge de todo contexto, sem saber arruinar a pouca vida que lhe esqueceram tirar.

sexta-feira, abril 07, 2006

Do impensável dispensável

Não faz sentido buscar pela razão um mundo fora deste tempo, fora deste espaço. Pois o próprio pensamento é sobre eles pensado e, principalmente, a partir deles é possível. Da mesma forma, dizer que estamos presos a estas dimensões é partir de um ponto de vista restrito, pois, se houvesse tal "libertação", quais novas possibilidades nos seriam concedidas? Para o quê estaríamos livres? Ou, que restrição nos impõe, verdadeiramente, a nossa relação factual com tempo e espaço?
Tais teorizações tentam conceber outra forma de existência, enquanto a nossa, experimentada, já nos incita infindáveis desafios. Aponta para um horizonte metafísico a metafísica. Daí a irrealidade objetiva de um pensamento desta natureza - sem natureza.

quinta-feira, abril 06, 2006

Luz

Pensamento nenhum é um fim em si. Doutra forma, descorreria dele monótono adormecer.

Disse Guimarães Rosa: "O animal satisfeito dorme."

Pensamentos suicidas são covardes mentirosos que ignoram a eternidade que há em pensar, que há em viver. O pensamento virtuoso não quer ser dogma, não quer ser regra, pois conhece e aceita a substância criadora do desconhecer.

Disse Sócrates, primazia do saber: "Só sei que nada sei."

E se fez a luz.

quarta-feira, abril 05, 2006

O caminho que segue é diverso daquele que planejou. Mas, ao afastar-se do caminho planejado, fecha as portas antes vislumbradas. O novo caminho tem seu nome escrito, mas sua jornada deveria ter começado muito antes, quando os planos ainda estavam sendo traçados. Pode descobrir, tarde demais, que já era tarde demais. Se então, o diverso virou do avesso. Os planos foram trocados e não há caminho do meio.

Música do encontro (24 de março de 2006)

Letra: Chico do Canto
Música: Francis Milk


O encontro dos artistas

Quem quiser contar,
conte comigo,
conte até mais
não sou inimigo

Faço parte desta engrenagem
Quero ser a graxa pra fazer andar
Vamos assumir as posições
Livrando abertamente as gerações
que fazem parte desta engrenagem
Herdando tudo aqui que há de bom

Eu canto como quem quer reunir.
Tu pintas como quem não quer partir

Poeta! Pinte o verbo da emoção

Vivemos pra você poder sentir

Vamos assumir as posições
Livrando abertamente as gerações
que fazem parte desta engrenagem
Herdando tudo aqui que há de bom

Eu canto como quem
quer reunir.
Tu pintas como quem não quer partir

Poeta! Pinte o verbo da emoção

Vivemos pra você poder sentir

terça-feira, abril 04, 2006

Primeiro meio-discurso sobre a predisposição das coisas

A possibilidade de algo ocorrer está intimamente ligada ao arranjo de predisposições que a tornam potencial. De outra forma dito, soando quase banal, nada ocorre sem que, antes, possa ocorrer. Daí se infere que nada na vida - aqui entendida como a experiência compreendida entre o nascer e morrer - ocorre de súbito sem que a isto seja possível ser dada explicação: por trás de cada manifestação há uma causa e, antes dela, a capacidade intrínseca ou adquirida de estar sujeito à tal manifestação.

Tal colocação, trivial a princípio, revela duas dimensões do processo incessante que é viver (ou, preferindo, ser), cuja existência, parece seguro dizer, é inerente ao movimento. Tomando-o (o processo) como teia de possibilidades com um sem-número de ramificações, cada qual representa uma opção possível logo respondida por recusa ou escolha, e, escolhida, instantaneamente ramificada, donde a mesma fórmula passa a se aplicar inesgotavelmente. O par de dimensões que conjuga essa finíssima e quase impensável engrenagem é formado por aquilo que aqui chamo (i)predisposição e pela (ii)causa ou elemento causador. Sem a presença de ambos não há nada que se dê, pois assim como uma inclinação a determinado resultado só se evidencia e se torna fato na medida em que deixa de existir como inclinação por alguma causa, nenhum agente causador concebe, por si próprio, lugar onde se manifestar, sendo que, para isso, faz-se necessária uma estrutura prévia que lhe permita praticar sua ação. Aqui parece importante relembrar que quando se fala em existir, tal conceito está, aqui, atrelado à percepção humana, isto é, falo do que pode ser percebido, não necessariamente do que é.

Pensando nessa estrutura anterior como espaço vazio a ser preenchido pela possibilidade concretizada – o acontecimento propriamente dito – e na causa como elemento que introduzirá, como se por um empurrão, os ingredientes desta receita, tem-se uma boa idéia do modo como se dá essa interação, entendendo-se os ingredientes como partes constituintes da causa, ou seja, causadores. Os efeitos, conseqüentes desta soma, são aqueles resultados alçados à experiência real, e povoam nosso mundo, entrechocando-se, percorrendo os mais diversos caminhos e direções que esta quântica origina em distantíssimos horizontes.

segunda-feira, abril 03, 2006

A notar

estou começando:
anotar tudo...
e a notar:
ar de artista
em mim.

"eu lhe ofereço
essas coisas que enumero
quando fantasio
é quando sou mais sincero"
(Holofotes, João Bosco/Antônio Cícero/Waly Salomão)

domingo, abril 02, 2006

Teoria dos Jogos

Teoria dos jogos é um ramo da matemática aplicada que estuda situações estratégicas onde jogadores escolhem diferentes ações em uma tentativa de maximizar seus resultados. Primeiro desenvolvida como uma ferramenta para entendimento do comportamento econômico, teoria dos jogos agora é usada em diversos campos acadêmicos, indo da biologia, psicologia à filosofia. Desde os anos 1970, a teoria dos jogos tem sido aplicada ao comportamento animal, incluindo o desenvolvimento de espécies pela seleção natural. Devido a jogos interessantes como o dilema do prisioneiro, no qual o auto-interesse racional fere a todos, a teoria dos jogos tem sido usada nas ciências políticas, ética e filosofia. FInalmente, a teoria dos jogos recentemente chamou a atenção de cientistas da computação por causa de seu uso na inteligência artificial e cibernética.

Tradução livre da Wikipedia.

Mais em http://en.wikipedia.org/wiki/Game_theory