sexta-feira, novembro 23, 2007

o belo e a fome de ser outro

a ausência da falta no belo está implícita
tu não a notas
porque não costumamos notar ausências
mas ela está ali

o belo não aponta direção
(isso é coisa de link)
está completo em si
tu topas com o belo
e nunca o pega com reminiscências de um outro dia

se tu procuras uma nostalgia
encontras a mais refinada das homenagens
o belo sintetiza seus ídolos superando-os
e te parece além

e a memória que lhe solicitas
como prova de existência
documenta em certidões vivazes
bem-vindas as rugas, os desvios e as voltas

te pegas admirando o mais simples
equivalências que em ti escondes

chegas a pensar
que ao belo só faltava teu olhar

mas
pergunte ao belo
e vê se te respondes

se achasse alguma coisa
o belo acharia melhor
que seguisses te olhando no espelho

ah, desperdiçar assim o belo
como um canibal...

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