sexta-feira, janeiro 26, 2007

Com licença, vomitarei.

E, depois de anos, novamente. Sempre novamente, é tudo novo, e ao mesmo tempo velho. Que conceitos ainda valem? Parece sempre haver uma contrapartida anuladora. A gente segue como que participando de uma equação cujos termos não fogem muito de um desvio padrão, e avessos. De maneira que quase nada é certo, mas também quase nada é errado, e vide o diverso. É impressionante, tudo nos foge, como nada nos pertencesse. Ou, bem, que é pertencer? Tudo que não nos deixa transparente? As palavras, por exemplo. É como se não as dissesse - elas que me dizem, e sem pedir licença. Dizem supostamente subordinadas, mas quão independentes! Não tente entender frases feitas de verbos fugitivos! Ah, que perigo. A natureza humana vive sobre este e tais perigos. Ou estou dizendo bobagens. O que não livra ninguém da responsabilidade, talvez a única que nos caiba, de continuar sempre procurando algum sentido. Mesmo a loucura procura algum sentido - é como a ordem dentro do caos. E assim corremos ao infinito, coisa louca. E se não fechar o círculo? Terá valido a pena?

Veja como eu digo, mas só por um instante: toda força dispendida é a medida certa para aquilo que ela causa, mas também é o preço do que deixou de causar. Aparentemente temos aí um dilema eterno. Mas que eternidade é essa que se aplaca com uma decisão - por vezes uma inconsciente decisão? A vida de um homem não cabe na sua memória? Possivelmente nasci quando lembrei pela primeira vez, e isto não tenho idéia de quando aconteceu - me escapa. Voltamos a toda sorte de coisas que nos são escapáveis, das mais corriqueiras às grandiosas. A morte, entre as grandiosas, vez por outra encara e o duro de mirá-la é percebê-la inesquecível. E falo vez por outra para menosprezá-la. O menosprezo, note, é não mais que uma fuga, e o problema da fuga é ter os olhos virados para frente, para o oásis da salvação, que é sempre suposta. Isto porque parece haver alguma liberdade sem limites vislumbráveis a permitir devaneios, inchamento de egos e proclamação de todo tipo de verdades, geralmente para vencer batalhas contra o medo. Algum medo. Talvez desse vazio, filho da anulação. será da solidão?

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