Mais do que isso, queria possuir um corpo como um animal. E lembrava dela assim mesmo, com vontade, como uma oportunidade para liberar sua mais estranha energia, que mandava nele de maneira incompreensível. Ela era três, uma a cada momento. Agora era fêmea, e tinha se escondido. Ele precisava achá-la, era a única que correspondia a suas investidas. Ela já esteve em instituições psiquiátricas e de vez em quando, nas vezes em que a fome aperta, recorre aos albergues. Esses lugares são difíceis para homens. Tem que estar sempre de olho aberto. Um invejoso, um ladrão, qualquer coisa. Por nada se dá o acontecido. Para mulher não. O pessoal se passa, mas Anabela não se importa, gosta e ganha mimos dos companheiros de noite, como se estivesse fazendo algum favor para eles.
Depois que a encontrava, e se conseguia resolver-se, ela virava um fardo. Ela mudava, e ele queria distância, que se escafedesse de uma vez. Ficava rude com a moça, coitada. Fazia pouco caso, xingava e mandava para longe. Às vezes ela ia, resmungando palavrões desconexos e alternando gritos que escandalizavam quem estivesse ao seu alcance. Cada um ia feder pro seu lado. Anabela desaparecia por dias e com o passar do tempo, quando as vontades voltavam, ele se arrependia. Na verdade, arrepender não é o termo exato. Não tinha noção do mal que tinha feito, não assimilava a culpa. Passado um bom par de dias, suas ações passadas se confundiam, e não discernia se ontem era o dia em que conseguira cachaça ou se fora sua prova de cálculo. Mas penava pela sua falta, de qualquer maneira.
Mas outras vezes Anabela não tomava o rumo. Agüentava as carraspanas e os maltratos no osso do peito, e permanecia por volta. Ela era um cachorrinho que, não sabe bem por que, mas deve obediência a seu dono. Mesmo sob fogo cerrado, permanece fiel, e prefere não se afastar. Nestas ocasiões, ele esquecia do sentimento de asco que o dominava, e, antes da vontade animal voltar a reinar, uma outra forma de relação toma lugar. Uma cumplicidade toma conta. Eles se entendem, admiram o céu ou o parque, aceitam e aprovam a companhia. Quase sem palavras, vivem por breves momentos, uma vida em comum.
Depois que a encontrava, e se conseguia resolver-se, ela virava um fardo. Ela mudava, e ele queria distância, que se escafedesse de uma vez. Ficava rude com a moça, coitada. Fazia pouco caso, xingava e mandava para longe. Às vezes ela ia, resmungando palavrões desconexos e alternando gritos que escandalizavam quem estivesse ao seu alcance. Cada um ia feder pro seu lado. Anabela desaparecia por dias e com o passar do tempo, quando as vontades voltavam, ele se arrependia. Na verdade, arrepender não é o termo exato. Não tinha noção do mal que tinha feito, não assimilava a culpa. Passado um bom par de dias, suas ações passadas se confundiam, e não discernia se ontem era o dia em que conseguira cachaça ou se fora sua prova de cálculo. Mas penava pela sua falta, de qualquer maneira.
Mas outras vezes Anabela não tomava o rumo. Agüentava as carraspanas e os maltratos no osso do peito, e permanecia por volta. Ela era um cachorrinho que, não sabe bem por que, mas deve obediência a seu dono. Mesmo sob fogo cerrado, permanece fiel, e prefere não se afastar. Nestas ocasiões, ele esquecia do sentimento de asco que o dominava, e, antes da vontade animal voltar a reinar, uma outra forma de relação toma lugar. Uma cumplicidade toma conta. Eles se entendem, admiram o céu ou o parque, aceitam e aprovam a companhia. Quase sem palavras, vivem por breves momentos, uma vida em comum.
Um comentário:
qdo li o primeiro texto q começou isso aqui, já vi Anabela como literalmente uma cadela, mas não quis definir isso. Agora, ela já se desviou da forma literal, mas cada vez mais se aproxima do que ela significa. Pelo menos, do ponto de vista que tomamos.
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