quinta-feira, agosto 24, 2006

O pecado é bem mais confuso. Porque o pecado é mau. Mas, quando é pecado, é porque tá bom. Se é ruim, se eu não gosto, se machuca, não é pecado. Ficar dormindo até mais tarde quando tem serração é pecado. Contar prá todo mundo que eu acertei tudo no ditado é pecado. Pecado mesmo é a Rita, eu não sei bem porque, mas sinto.
Coruja curiosa, parece deus espiando prá me ver pecando, olhos arregalados grudados em mim.
Coruja de sobretudo, esperando eu pensar maldade para me prender em suas garras.
Calças geladas. Molhadas. Não posso me trocar... fazer barulho nem pensar. Se se dão conta que me escapuli... melhor frio do que surra. Não sei. Surra passa logo, frio rasga.
Rasgando carne, trincando ossos, frestas tão pequenas espantam um sono que o cansaço convidou com tantos folguedos. Silvando baixo, intermitente, parecia estar por todos os lados. Sobretudo, os olhos crescem no escuro, fixos, inquirindo, lendo tudo, até o que fica lá no fundo. A gangorra tão conhecida toma proporções assustadoras quando sobe, o equilíbrio acaba, e o abismo não parece ter fundo. Queda sem fim, nem fim no tempo, nem fim no espaço. Concomitantemente, tudo no mesmo ponto, no mesmo instante. Silêncio igual teria duvidado pouco tempo atrás, tudo junto muito longe.
Escureceu.

Nenhum comentário: