sexta-feira, agosto 18, 2006

À noite, a tensão já tinha ido embora junto aos últimos raios do entardecer. Um vento suave mas gelado como que o anestesiou por completo, e, agora, um único sentimento brotava do fundo de sua alma. Na verdade, melhor seria dizer que não se percebiam as raízes daquela sensação que mais parecia um gigantesco nada, tão profundo e infinito como o negro céu sobre sua cabeça, tão trespassante como aquele minuano. Sua dor desta vez não era sentida, era, antes, impossível, da mesma maneira que sua própria existência lhe parecia infactível. Teria pensado, se naquele momento pudesse pensar, em todas as perguntas que ao mundo pudesse fazer. Divorciado de seus sentidos, quem sabe tenha desejado apenas que aquela noite nunca acabasse, e a reticência compulsória da sua natureza reinasse para todo o sempre.

2 comentários:

Arbº disse...

estou tendendo a dramatizar...

Felipe disse...

Vou ter que tomar um fôlego...