Caminhou durante bom tempo pela estrada. Muito tempo para dizer a verdade, não estava acostumado. O chão batido, pedras soltas parecia não ter mais fim, mas a paisagem era agradável, não podia negar. Pelo menos os tucanos, dois, que nem importaram-se com sua presença, foram um espetáculo a parte. Soltos, lindos, misturando-se aos vários tons de verde do mato vizinho.
Estranho experimentar situação tão pacificadora na situação em que se encontrava. O corpo doía muito, precisava respirar devagar, filhos da puta. Mas não era provável estar muito longe da vila, não tinha passado tanto tempo dentro do carro. Será que dormira? Aquele jagunço de merda não brigou limpo. Não que tivesse vencido de outra maneira, nunca foi um brigador. Sempre foi melhor na conversa, e mais de uma vez achou conveniente voltar prá casa com o orgulho avariado, mas com os dentes no lugar. Filhinho de papai fiadasputa. Botando banca, botando marra. Pisando firme no salão só porque é filho do homem. Caralho. Quer um harém prá ele? Quem que pensa? Não ia baixar a cabeça, nem a pau.
Finalmente, depois de horas caminhando (na verdade, não tinha muita noção de tempo, sem relógio, celular, ficava completamente perdido) avistou uma cabana. Casebre. Longe da estrada. Finalmente, ajuda, água para a sede e para o corpo. Ainda não era um telefone, não havia fios por perto.
Será que pega celular por aqui? Acho brabo. Assim que der jeito, volto lá e aqueles merdas me pagam. Tudo preso. Acham que são donos do mundo? Acham que aquele fim de mundo é o mundo. Não perdem por esperar.
Na casa, o cachorro ladra, mas o guri vem prender. Chama pelo pai, que andava por perto. A velha vem acudir, que o homem tá pisado. Deitam ele e providenciam um de comer. Mas, o que que, ainda que mal lhe pergunte, o que que houve ao senhor...?
Marcos, professor do colégio no Rolantezinho. Me desculpa a falta de educação, com a confusão, não me dei por conta e não me apresentei. Pois foi que teve baile ontem, no salão do Bola. Fui conhecer, que sou professor, mas não tenho senhora. Quando o baile já tava acontecendo, resolvi conversar com uma moça, bem simpática, Ana Cecília, e chamei prá dançar. Foi quando Zé Túlio, filho do prefeito veio tirar as caras. Parece que tinha interesses na moça. Mas, como ele já tava de gracejo por uma, se rindo todo, resolvi argumentar que não tava fazendo mal algum em conversar com Ana Cecília. Não tive nem tempo de escolher baixar a cabeça ou comprar briga. Surgiu um bronco de porrete na mão, nem sei de onde, e sentou o sarrafo. Apanhei que nem cachorro. Protegi a cara e güentei. Depois que caí, mais de um bateu, mas nem vi quantos. O senhor veja a safadeza das pessoas, como tem gente que não vale nada nesse mundo.
Ficou um silêncio. A mulher ficou quieta, o capiau ficou quieto. Nem o cachorro latiu. Pediu desculpa, mas que eu pegasse rumo.
Estranho experimentar situação tão pacificadora na situação em que se encontrava. O corpo doía muito, precisava respirar devagar, filhos da puta. Mas não era provável estar muito longe da vila, não tinha passado tanto tempo dentro do carro. Será que dormira? Aquele jagunço de merda não brigou limpo. Não que tivesse vencido de outra maneira, nunca foi um brigador. Sempre foi melhor na conversa, e mais de uma vez achou conveniente voltar prá casa com o orgulho avariado, mas com os dentes no lugar. Filhinho de papai fiadasputa. Botando banca, botando marra. Pisando firme no salão só porque é filho do homem. Caralho. Quer um harém prá ele? Quem que pensa? Não ia baixar a cabeça, nem a pau.
Finalmente, depois de horas caminhando (na verdade, não tinha muita noção de tempo, sem relógio, celular, ficava completamente perdido) avistou uma cabana. Casebre. Longe da estrada. Finalmente, ajuda, água para a sede e para o corpo. Ainda não era um telefone, não havia fios por perto.
Será que pega celular por aqui? Acho brabo. Assim que der jeito, volto lá e aqueles merdas me pagam. Tudo preso. Acham que são donos do mundo? Acham que aquele fim de mundo é o mundo. Não perdem por esperar.
Na casa, o cachorro ladra, mas o guri vem prender. Chama pelo pai, que andava por perto. A velha vem acudir, que o homem tá pisado. Deitam ele e providenciam um de comer. Mas, o que que, ainda que mal lhe pergunte, o que que houve ao senhor...?
Marcos, professor do colégio no Rolantezinho. Me desculpa a falta de educação, com a confusão, não me dei por conta e não me apresentei. Pois foi que teve baile ontem, no salão do Bola. Fui conhecer, que sou professor, mas não tenho senhora. Quando o baile já tava acontecendo, resolvi conversar com uma moça, bem simpática, Ana Cecília, e chamei prá dançar. Foi quando Zé Túlio, filho do prefeito veio tirar as caras. Parece que tinha interesses na moça. Mas, como ele já tava de gracejo por uma, se rindo todo, resolvi argumentar que não tava fazendo mal algum em conversar com Ana Cecília. Não tive nem tempo de escolher baixar a cabeça ou comprar briga. Surgiu um bronco de porrete na mão, nem sei de onde, e sentou o sarrafo. Apanhei que nem cachorro. Protegi a cara e güentei. Depois que caí, mais de um bateu, mas nem vi quantos. O senhor veja a safadeza das pessoas, como tem gente que não vale nada nesse mundo.
Ficou um silêncio. A mulher ficou quieta, o capiau ficou quieto. Nem o cachorro latiu. Pediu desculpa, mas que eu pegasse rumo.
5 comentários:
tu tá cada dia melhor, Felipe.
já era pra ter dito isso no Preso no Espelho.
fico feliz de ter tido a idéia de dividir um espaço contigo. acredito que tu tá te desenvolvendo, em certos aspectos, por aqui.
Cara, muito bom ler isso de ti, fico feliz.
Desenvolvendo? Talvez. Acontece que os coelhos continuam surgindo, não sei de onde, e, não sabendo o que fazer com eles, largo aqui.
os coelhos... o Julio deve ter pensado na sua reprodução quase descontrolada.
eu tenho q dar mais liberdade a eles. talvez seja um ditador no meu mundo.
Acho q minha opinião não vale muito, mas tb quero te dizer Felipe q gosto muito do teu estilo de texto.
Importa sim Letícia!
Uma vez tu comentou algo sobre começar a ler um texto e descobrir que era do outro. Fiquei orgulhoso com aquilo, já que sempre fui fã do outro.
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