Descobri porque escrevo. Acabei de ler, ali nas paredes textuais da Fabico: o papel aceita tudo. Não é uma justificativa admirável. Mas é a que parece mais plausível agora. Em terreno onde me é difícil a expressão - e o julgamento faz parte do jogo - me calo, silencio. As palavras escritas me livram do silêncio absoluto. Talvez eu mesmo seja meu juiz mais severo: decretei prisão a uma vida paralela, enclausurada em linhas. Linhas de escape. Pareço fora de lugar: meu crime, minha sentença e minha fuga ocupam o mesmo espaço. Por algum motivo inventei um mundo sem porta de saída. Talvez nem seja mais metáfora eu procurar aqui uma saída de emergência. Vejo claramente a escuridão de meu dilema - não será tarefa fácil. De cara já me deparo com a vergonha de publicar o que soa estranhamente como auto-traição. Mas por que publicar? Para que os outros devem conhecer meu desespero em voltar à superfície? Maneira vaidosa essa de pedir ajuda, como se só o fizesse para bem representar o papel de vítima:
Culpado. Por algum motivo, culpado. Bem sei eu que esta pena em minhas mãos é que escreverá a seqüência dessa história. estive mostrando minha face sombria, como um planeta dentro da noite. sabotagem foi a grande cratera que cavei no solo pedregoso. Engulo esse amargo vazio enquanto teço meu plano de busca. se o construísse organizadamente deveria começar por uma investigação. Minha doçura parece estar transparentemente diluída. Todavia ainda a sinto. Naufraguei-me e tenho que procurar o colete em noite de lua nova.
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2 comentários:
Tem um conto do Julio Cortazar em que o personagem regurgita coelhos. Ele não sabe o que fazer com eles, não sabe como eles surgem, mas ele os vomita. E ele tem vergonha disto.
exato
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