quarta-feira, julho 19, 2006

Primeiras inspirações econômicas (dignas de suas refutações, contextualizações e complementos gerais)

Se não houvesse a preocupação com a escassez dos recursos naturais - se os recursos fossem todos, além de abundantes, inesgotáveis, e ainda os resíduos fossem totalmente reaproveitados.

Se tal condição fosse factual e praticada, ainda assim, parece-me, haveria o problema maior que é o acesso a tais recursos, as relações dos mercados, a sua organização e funcionamento, os limites dos espaços públicos e privados, o exercício do poder pelo monopólio dos recursos, de informações, de influências, a burocracia, a corrupção, as guerras...

Ou seja, não coloquem a culpa em quem fez o mundo. Se quiserem transferir culpa, coisa de fracos, coloquem-na no colo de quem fez o homem. Mas aí o problema vira trágico, pois tal covardia questionaria a qualidade de sua própria existência.

18 comentários:

Felipe disse...

Se os recursos fossem inesgotáveis, não haveriam mercados.

Arbº disse...

Por que não? Que importa que fossem inesgotáveis se estivessem neste ou naquele lugar, ou em poder destas ou daquelas empresas? (talvez haja algum problema, meu novamente, de conceituação, aqui). Estou aqui pensando e não vejo como contra-argumentar tua frase, mas tampouco consigo aceitá-la, posta desta forma. Por que não haveriam? Se existe esse grande mercado de necessidades, exposto à exaustão na mídia, como haveriam de sanar tais necessidades senão por mercados, não necessariamente mercados aos moldes atuais, mas mercados que organizassem as trocas, as vendas e etc?

Felipe disse...

Na verdade, reformulo eu minha afirmação: se não houvesse escassez de recursos, não haveria mercados.
Tudo bem, se um recurso é inesgotável, eu ainda posso ser dono de todo ele, e restringir o acesso dos demais indivíduos, e assim cobrar um preço por ele. Mas, neste caso, existe escassez.
Em tempo, continuo pensando que, se os recursos fossem inesgotáveis, não haveriam mercados. O fato de não se esgotarem leva ao declínio em seu preço, de forma que não me parece factível que alguém fosse devotar recursos para restringir o acesso das demais pessoas. Penso que o custo de conseguir prevenir que as demais pessoas tenham acesso a um recurso inesgotável seja alto.
Pensa no "ar". Como alguém conseguiria restringir o acesso dos demais sem restringir seu próprio uso (o que exclui a possibilidade de poluição). E, no momento que se consegue guardar todo o ar, penso que ele se mostra um recurso finito...

Anônimo disse...

Concordo com o Felipe. Quando li o teu post pensei: "mas aí não existiriam mercados". E na verdade não existiria a disciplina Economia, pois ela estuda justamente a melhor alocação dos recursos escassos.

Arbº disse...

Percebo que novamente errei no uso de uma palavra "de vocês", desta vez a "escassez" (a rima tá afim de aparecer, perdoem-na). Foi bem elucidativa tua distinção, Felipe, encaminha bem a discussão a um dos pontos que eu desejava, que é o discorrer sobre a inesgotabilidade de recursos e organização social a partir desta condição teórica.

Admito que a mesma pergunta que veio à boca da Letícia (em forma de afirmação), veio à minha: mas aí existiriam mercados? Por isso pus no título um pedido também de refutação, já que não tinha argumentos que sustentassem minha suspeita. Havia pensado também no ar, mas não com tanta propriedade.

No fim, creio que essa proposta só faz sentido didaticamente mesmo, e quem mais saiu lucrando fui eu.

Anônimo disse...

É tudo coisa do marketing

Felipe disse...

A idéia de um mundo sem escassez é difícil de conceber e, por isso mesmo, boa para "viajar".
Num mundo sem escassez, eu não me levantaria para buscar o café, pois ele estaria disponível quando e onde eu quisesse. E na qualidade de minha preferência! Aliás, não seria exatamente café que eu tomaria. Seria uma bebida que me despertaria completamente, apenas pelo tempo que eu achasse conveniente, com um sabor indescritivelmente prazeroso, que não incomodaria meu estômago, e por aí vai. Aliás, eu não estaria nem aqui, já que, na ausência de escassez, eu não precisaria trabalhar (e nem precisaria digitar nem nada parecido... as informações seriam instantaneamente transmitidas).
Mas, quem providenciaria todas as coisas, já que são todas elas inesgotáveis?!

Arbº disse...

Só Deus sabe. hehehe

Anônimo disse...

Corrigam-me se viajei demais, mas em um mundo sem escassez eu não existiria?

Anônimo disse...

Corrigam-me se viajei demais, mas em um mundo sem escassez eu não existiria?

Arbº disse...

Claro, tu é supérfluo hauhauhauhauhauhahau
bom de se falar isso no dia do amigo hein

Arbº disse...

mas creio que esteja certo sim.
esse mundo está atrelado à escassez.

Felipe disse...

Pensei sobre isto também... afinal, prá que um corpo? Tudo seria instantâneo.
Não faz sentido eu esticar a mão para pegar algo, pois, este ato é realizado para contornar uma escassez espacial (que não existe em nosso modelo de mundo sem escassez).

Anônimo disse...

E em um mundo sem escassez, existiria um mundo?

Felipe disse...

O planeta terra? Ou o universo?
Se nada pode ser mais rápido do que a luz, como poderia haver o instantâneo? Mesmo na singularidade, onde todas as 11 dimensões estão redobradas em um único "ponto", a noção de distância ainda existe, já que nada pode ser menor do que a distância de Planck. E, se nada pode ser menor do que a distância de Planck, não existe um ponto.
De qualquer maneira, nenhum ser humano poderia sobreviver na singularidade. Neste caso, se tomarmos uma visão antropomórfica do universo, não existe um mundo, já que não tem ninguém para observá-lo.

Arbº disse...

ok, tudo certo, mas: ONZE? ONZE?!

Anônimo disse...

Dessa vez vocês se puxaram...

Felipe disse...

Sim, 11. 3 dimensões espaciais e 1 temporal extendidas, e mais 7 dimensões espaciais recurvadas.
Pelo menos é isso que afirma a teoria das cordas, teoria esta que conseguiu unificar as teorias da relatividade geral e quântica, e que é a grande esperança da comunidade científica para chegarmos a uma "teoria sobre tudo".
Para saberem mais, dêem uma olhada em O Universo Numa Casca de Noz, de Stephen Hawking, e em O Universo Elegante, de Brian Greene.