quarta-feira, julho 05, 2006

Sobre a beleza da fantasia (e talvez sua supremacia sobre a realidade)

Aos 49 minutos o goleiro Ricardo vai pra grande área tentar o empate. No rebote do escanteio a bola cai a seus pés. Ele vira-se para o gol, ajeita a bola, desloca o esférico um pouco mais para a frente e, ainda de fora da área, enche o pé e manda no canto do gol de Barthez. Ricardo não acredita, ninguém acredita, Felipão não acredita. Saem todos correndo sem rumo, sorrindo, gritando, pulando - é gol! Inacreditavelmente, é gol! Um milagre. Dois portugueses levam cartão amarelo, inclusive um reserva, pela comemoração de 3 minutos. A claque portuguesa também quer correr, mas não pode, então faz soar seu coro pela Europa inteira. Um grito desorganizado porque todo de emoção. Na verdade, no estádio inteiro não há pessoa que entenda o que aconteceu - nem o juiz, que dá mais dois minutos de jogo ilógicos. Felipão e Murtosa estão dentro do campo, sobre a linha lateral, enquanto o árbitro reserva tenta tirá-los dali, mas sem sucesso. Aí ele se une aos brasileiros e tenta avisar o juiz de que, de fato, não há mais tempo de jogo, mas com aquele barulhio* todo ele não ouve nem o fone plugado ao seu ouvido. Finalmente termina o jogo quando Zidane fala alguma coisa que não conseguimos ler em seus lábios. Há uma segunda entusiasmada comemoração dos portugueses.

Na prorrogação dá 2 a 0 Portugal. Os franceses não tiram da cabeça o gol de Ricardo.

*palavra inventada no meio da confusão

Um comentário:

Anônimo disse...

Que droga ligar a televisão e ver que tudo isso não é verdade!