terça-feira, julho 18, 2006

O que o economista economiza?

Existe no peito de todo ser humano um estado inevitável de tensão entre os instintos agressivos e inquisitivos e os instintos de benevolência e auto-sacrifício. Está para o pregador, leigo ou clérigo, inculcar o dever de subordinar o primeiro ao último. É humilde, e freqüentemente odioso, papel do economista ajudar, na medida do possível, a reduzir a tarefa do pregador a dimensões controláveis. É sua função emitir um latido de advertência se vê que ações sendo advogadas ou buscadas aumentarão desnecessariamente a tensão inevitável entre o interesse privado e o dever público; e abanar sua cauda em aprovação a ações que tendem a manter a tensão fraca e tolerável.
D.H. Robertson, "What Does the Economist Economize?" Economic Commentaries (London: Staples, 956), p. 148.

3 comentários:

Arbº disse...

Entendi ao ler pela segunda vez. Uma questão que me surgiu é com que força o economista minimiza tal tensão, se percebemos que os mercados herdaram muito mais os instintos agressivos de seus criadores.

Felipe disse...

Será que herdaram mais os instintos agressivos? Existem mercados para tudo. Para armas, para drogas, para sexo. Mas também existem mercados para caridade, para o amor, para o altruísmo.
Uma pessoa caridosa obtém mais "utilidade" (já discutimos este termo algumas vezes por aqui...) da utilidade de outro.
Professores da rede pública estudam e preparam-se por anos; poderiam ter salários mais elevados se tivessem escolhido outras profissões (ou se trocarem de emprego) com o mesmo nível de esforço, mas preferem continuar a dar aulas. Por quê? Porque parte do seu pagamento está na satisfação pessoal de estar contribuindo para a formação de pessoas que, muitas vezes, sequer se dão conta da importância dos professores nas suas vidas. Há um mercado para o altruísmo...
Sobre a tua questão, vou deixar prá um próximo comentário, que este já ficou grande...

Felipe disse...

O economista não minimiza a tensão. O que é sua "tarefa" é alertar aos que tem esta incumbência sobre se seus caminhos estão certos ou errados.
É interessante saber o contexto do trecho colocado. Ele está inserido numa discussão sobre instituições: princípios éticos e morais que amenizam a busca do ser humano pelos interesses privados.
É por causa deste princípios que tu devolve a carteira que encontrou no chão, ou deixa de jogar uma bomba no meio do Beira-Rio.