quarta-feira, julho 12, 2006

Eles de novo

Sim, eu não me canso de dizer: mercados estão em toda a parte.
Quem estiver passando ali na galeria Chaves, no centro de Porto Alegre, pode constatar algo interessante. Entra na Multisom e dá uma conferida nas ofertas de CDs. Depois, do outro lado da galeria, dá uma olhada nos discos oferecidos pelas lojas de discos mais "especializadas". Nas últimas, os mesmos discos custam o dobro do preço. Até aí, tudo bem, seria uma prova de que os mercados não funcionam.
Mas esperem. Por que alguém pagaria o dobro por um produto que custa a metade do outro lado da galeria?! A resposta mais razoável parece ser por falta de informação. Quem vai em lojas especializadas está a procura de artistas específicos ou de discos "difíceis". Quem vai na Multisom procura uma coletânea de novelas, "o mais vendido" (e não estou falando no último do Mombojó), ou, como eu, vai fuçar a loja toda em busca de "bons e baratos". As lojas da frente fuçam os balaios da Multisom, compram os títulos interessantes, e colocam na vitrine ao dobro do preço (freqüentadores de balaios notarão que estes discos só aparecem nas vitrines destas lojas especializadas depois de serem colocados em promoção na Multisom). Assim, a diferença é explicada por onde está a mercadoria: misturada no balaio do magazine ou na vitrine da butique (ainda que aquelas lojas não tenham aparência de butique).

12 comentários:

Felipe disse...

Mas será que os discos na loja da frente não são mais caros por serem importados???

Felipe disse...

Não são todos os discos da loja da frente que são iguais. O que me chamou a atenção é que, sistematicamente, aparecem novos discos legais na promoção da Multisom e, rapidamente, eles vão parar ali na frente pelo dobro do preço.
Lembrando que eu gosto das lojas da frente. Elas tem coisas usadas boas, importados que realmente não tem em outros lugares, e por aí vai.

Arbº disse...

O mercado busca todo tipo de soluções e até inventa algumas. A gente é que não enxerga muitas.

Felipe disse...

Não concordo (sempre buscando o avesso...). Acho que quem busca as soluções somos nós. O mercado é apenas a expressão das soluções por nós encontradas.

Arbº disse...

Ah, sim - foi exatamente o que quis dizer, admito que me expressei mal, isso porque quando disse "o mercado busca" estava querendo me referir às pessoas que estão nele inclusas, fugindo totalmente da linguagem acadêmica, ou de qualquer economista ou estudante de segundo semestre possivelmente.
Digo, creio que, quando tu falas em mercado, falas de uma entidade abstrata (não por isso não-verdadeira) formada por um conjunto de forças, fórmulas, etc.
E desculpa se não me fiz entender pela segunda vez, ou, pior, assassinei conceitos econômicos.

Anônimo disse...

Essa menção a um estudante de segundo semestre é alguma insinuação?

Arbº disse...

hehehe, não
assim como "qualquer economista" também não é referência ao amigo! hehehe nem lembrei, Lê - foi uma forma de dizer q qq pessoa q esteja por dentro do vocabulário de vcs não cometeria o meu erro...

Anônimo disse...

Mas o mercado cria novas necessidades...

Felipe disse...

Será Letícia? Talvez seja necessário conceituar necessidades antes. Uma casa é uma necessidade?! Carne é uma necessidade? Tudo depende (frase que eu odeio - quando usada "contra" mim - e adoro - quando eu uso)... os primeiros homo sapiens não tinham "casas". E grupos inteiros sobreviveram (no sentido evolucionário do termo) sem acesso ao consumo regular de carne. Educação então? Completamente supérfluo! Ninguém morre por ser educado (alguns mereceriam...).
Acho mais correto que as pessoas passam a desejar coisas mais elaboradas à medida que vão tomando conhecimento da existência destas coisas.
Tu acha que o Rei Luiz XV não desejava uma televisão?! Aposto que ele gostaria de ter uma caixa que mostrasse imagens e sons de algum outro lugar distante. Só que era muito caro, até para um Rei!
Hoje em dia, nossos governantes falam em computadores portáteis de U$100 (obviamente subsidiados por nós) para pessoas de baixa renda ou escolas ou quem mais conseguir provar que merece. Será que é uma "necessidade"?! Não creio que alguém morreria por causa disto...
Acho que as pessoas modificam seus desejos de acordo com o conjunto informacional disponível. Ou dito de outra forma, as funções utilidade dos agentes participantes do mercado variam de acordo com o conjunto informacional disponível.

Anônimo disse...

Necessidades são criadas, em última estância, pelos indivíduos.
Apesar de tentarem, até que provem o contrário, o pessoal do marketing são indivíduos.

Anônimo disse...

Concordo. Acho que o mercado faz com que desejos virem necessidade à medida que a sociedade evolui. As necessidades são relativas. Ninguém mais vive sem geladeira. É uma necessidade. Mas só é assim porque criou-se um mercado de venda de geladeiras. Não me lembro o exemplo que o Portugal usou em aula para justificar a frase que "o mercado cria novas necessidades", mas era algo do tipo. Ninguém precisa de uma TV nova a cada 5 anos, mas o a indústria realiza pesquisas para colocar novos produtos à venda, "obrigando", seja por uma mudança de tecnologia ou por pressão do grupo, as pessoas a comprar.

Arbº disse...

aí, relativizando o termo "necessidade", eu concordo com a Lê. Até pq se tu pensar necessidade MESMO não se cria. Então eles criam a ilusão de que necessitamos até (isso pode ser um processo quase instantâneo) nos acostumarmos com a idéia de que precisamos. E aí está um novo mercado.