sexta-feira, dezembro 01, 2006

Dezembro

Dezembro é um mês incrível. Alguém acredita em dezembro? Eu não acredito. Alguém vê, por exemplo, dezembro passar? Não passa. Tu achas que ele nem mal veio já vai, mas ele não foi nem irá: não espalhem, mas dezembro não existe. Alguém consegue ler num calendário os dias de dezembro? Dias de um calendário são massantes, protocolares. Dezembro não é rotina. O ano tira férias em dezembro. O que tinha pra acontecer, aconteceu, o resto é retrospectiva. Ou é pré-datado pra janeiro. Já percebeu? Nem os cobradores aparecem em dezembro!

Eu sei que é difícil acreditar, afinal são muitos anos (quantos tu tens?), eu chego hoje ao meu vigésimo terceiro dezembro. E quase acredito. Mas deveríamos ter suspeitado quando descobrimos que nem mesmo o Papai Noel aparece em dezembro. É tudo invenção. É tudo invenção! Muito necessária, há que se admitir. De que outra forma um fim se ajustaria ao começo com tamanha perfeição. Imagina, novembro acabar e a gente, assim, dá de cara com janeiro! Precisávamos mesmo deste amortecedor, este plasma onde confundem-se as matérias de passado e futuro. O que passou é digerido e o que é devir vem num sopro, feito mágica, cola na gente. Passamos sopostos trinta e um dias com essa nítida sensação de que um grande plano está sendo traçado às escondidas. Dezembro está embalado pra presente. Entendeste? Ele é sem ser, ou, é o que virá, mas agora. Sempre vestido de mistério, dezembro atravessa-nos o espírito. É isto, se queres saber: ele existe, mas sob outra forma de existência. É por isso que gosto tanto de dezembro: ele não tem tempo nem lugar, mas não deixa de ser. Vã será a tentativa de entendê-lo. Dezembro é de sentir, não de saber. Na verdade, talvez isto também seja o precioso da coisa toda: não saber. É preciso ter alma pra amar dezembro, e reconhecê-la.

Instiga este acaba-não-acaba. Dá até um calafrio. É como se novembro e janeiro fossem prédios bem altos, à distância de metro e meio: sabemos que conseguiremos saltar de um prédio para o outro, mas a proximidade com o fim nunca nos deixa tão vivos, e provoca arrepios. Concorda?

Sejas um otimista ou um adepto do conformismo, estejas em quaisquer das variações entre a esperança convicto e o niilismo convencido, percebe que dezembro penetra tuas narinas e tu já não distingues quando respiras ou sufocas, teus desejos parecem ocupar o mesmo espaço de tuas frustrações, tudo assim confundido, que chega a ser estranho quando parece fazer sentido. Isso se desse pra tomar dezembro entre os dedos e mirá-lo como uma borboleta. Mas dezembro pousa tão macio no dia primeiro, levanta tão ligeiro no trinta e um, que só dá pra recordar a cor quando se acorda o ano novo, e tu sentes na bochecha a umidade de um beijo que quer te lembrar, só quer te ensinar a fugir da mesmice. Dezembro foge da mesmice.

4 comentários:

Arbº disse...

tem alguns erros de portuga q já arrumo

Felipe disse...

Dezembro eh um mes que nas primeiras duas semanas fazemos o balanco do ano inteiro e nas duas ultimas programamos o ano que virah.
Quando estamos no colegio eh o mes que metade eh trabalho duro (provas e afins) e a outra metade eh ferias (pros que nao pegaram recuperacao).
Quando estamos terminando o colegio eh o mes que metade eh o stress do colegio e a outra eh o stress do vestibular (eta mes complicado esse).
Quando estamos na faculdade, se for na UFRGS eh o mes que pode acabar tudo no inicio ou saber que eh soh mais um antes das malditas aulas em janeiro.
Se estamos trabalhando eh o mes que ficamos "ricos" no inicio com o 13 salario... e que ficamos pobres com os gastos do natal e ano-novo.
Enfim, eh o mes que quando comeca, anuncia o fim do ano.

Bah, que mes estranho. Soh faltava ter 28 dias.

Anônimo disse...

tudo bem, pode ser.
Mas esse janeiro...
(!!)

Felipe disse...

Não conta que tem erro, rapá. Vai lá e arruma na moita, hehehe