terça-feira, junho 27, 2006
Dois clichês para um romance banal
Num encontro casual de duas pessoas - e hoje em dia não posso me limitar dizendo de sexos opostos - um dos dois (o que nutrir o conhecido interesse), ou ambos, num caso feliz, enfim, ALGUÉM evocará a idéia de coincidência, mesmo que para pessoas atentas esta seja bem discutível, mas, sobretudo, a partir dela sugerindo uma predestinação dos deuses, da vida, do destino mesmo, qualquer coisa assim, algo que se impõe sobre o mero acaso, assim inaugurando uma espécie de relação abençoada, afinal "estava escrito nas estrelas". Não satisfeito, ainda mencionará o fato de estar, exatamente naquele momento ou momentos atrás, pensando na outra pessoa, veja só - aí lançando mão de outro clichê essencial e tão sem sentido quanto, como se o ato de lembrar, recordar de uma pessoa a partir de qualquer evento fosse já de antemão algo que significasse carinho, omitindo todo aquele manancial de lembranças que simplesmente querem dizer nada senão que, sim, você tem uma mente ativa.
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3 comentários:
Cada dia mais que passa eu acredito menos em coincidências, embora tenha sido vítma de um encontro casual muito estranho para ser mero acaso.
O que é exatamente a coincidência? É a incidência, acontecimento, ocorrência, concomitante de situações com alguma similaridade. Em geral, as pessoas só espantam-se com as co-incidências quando elas não são combinadas.
"Que coincidência nós dois no mesmo bar esta noite!".
Coincidência?! 2 pessoas entre os 20 e os 30 anos, níveis sócio-econômicos semelhantes, amizades em comum, num sábado, que moram em Porto Alegre. Não podemos dizer que é estatísticamente improvável que se encontre uma pessoa conhecida em um bar de Porto Alegre, já que as opções não são exatamente infinitas.
Em todo caso, pessoas com terceiras intenções usam estas observações a seu favor: "que coincidência mesmo! Acho que foi o destino."
exato.
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