da altura do décimo quarto andar
diz a janela escancarada
"insignificante"
revezam-se com rapidez as nuvens,
os tons entre escuro cinza
e azul petróleo, segundo um colega
as sombras, em menor velocidade,
escalam os altíssimos prédios,
imóveis projetanto-se em seus semelhantes
o sol vai descendo, como em toda tarde
(agora se vê melhor)
antes houve uma chuva que só no rio se percebeu,
ali, no cais do porto, às aguas se agitaram,
as mesmas águas de março
que a essa hora parecem espelho intocável
há uma bóia de forma triangular,
o laranja se enxerga de longe mesmo
mesmo quieto assim,
os barcos devem conhecê-la
houve um saco plástico
desses de supermercado
vindo dum desses picos
acompanhei-o já em sua dança decadente
foi para entre dois carros
em frente ao mercado público
muitos ônibus dobram esquinas
e sobem essa rua de mão única
o fluxo é constante e agitado
lá no fundo, um viaduto
a cidade termina pra quem vai à esquerda
e à direita começa tudo de novo
são muitas janelas
e, sabe-se, muita gente por detrás,
mas não se as pressente,
parecem mais, esses gigantes cinzas,
o centro onde se mastiga e morre o tempo
abre-se agora um espaço
e se mostra um azul original
bem como o branco de alguma nuvem
lá atrás, uma fileira delas, as mais escuras,
traçam linhas de chuva que se vão em diagonal
e debaixo, da praça frente à prefeitura,
vem um som tradicional
que se cumprem nos dias próximos
os anos dessa capital
e, entre muitos, os meus
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Um comentário:
Agora eu sei porque tu brigaste com o Fernando por esse lugar à janela...
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