Sentado, o morto abaixa o cano
sente nojo da bagunça
sente sono e chora
O barulho ecoou pelo fosso de luz e saiu telhado afora, espalhando-se por toda a cidade
Sem palavras, permanece calado
Cresce lenta, de mansinho
saudade dos que viveram
Um vento gelado irradia, desfazendo por um instante o calor da cidade deserta
Sentado, o morto ouve a porta,
o cansaço não permite atender
Ouve o pulso martelando compassado
lembrando como é triste o carnaval
Lá no lago, o sol descerá muito calmo horizonte adentro, tingindo as águas de vermelho
Num repente, sentiu muito e arrependeu
tentou, mas não pôde voltar atrás
Tivesse o tambor outra bala
de vergonha se matava, outra vez.
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Um comentário:
profundo esse sono...
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