segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Sono

Sentado, o morto abaixa o cano
sente nojo da bagunça
sente sono e chora

O barulho ecoou pelo fosso de luz e saiu telhado afora, espalhando-se por toda a cidade

Sem palavras, permanece calado
Cresce lenta, de mansinho
saudade dos que viveram

Um vento gelado irradia, desfazendo por um instante o calor da cidade deserta

Sentado, o morto ouve a porta,
o cansaço não permite atender
Ouve o pulso martelando compassado
lembrando como é triste o carnaval

Lá no lago, o sol descerá muito calmo horizonte adentro, tingindo as águas de vermelho

Num repente, sentiu muito e arrependeu
tentou, mas não pôde voltar atrás
Tivesse o tambor outra bala
de vergonha se matava, outra vez.

Um comentário:

Arbº disse...

profundo esse sono...