Tu nasces e elas estão por aí, aos montes, no mundo. Em todos os tons, tamanhos e formas, tu escutas. Que é aquilo? Todos parecem entender menos tu. Tentas dizê-las, primeiro as pequeninas, papai, mamãe, e, com algum esforço, enfim consegues. E todos riem. Tu gostas da brincadeira e passas a repetir o que falam os outros.
(... mas quais são as palavras que nunca são ditas?*)
Grandes problemas surgem a partir daí. Tudo parece ter uma única forma de se dizer, tudo pode ser resumido a uma palavra, inclusive tudo. Nessa negação de significados, tu perdes muitas dimensões, ignoras e te deixas perder em generalizações e preconceitos. As palavras, é delas que falamos, podem muito bem acorrentar, isso acontece quando te contentas com a superfície, com o clichê. Quando caímos na rotina que a nossa língua deixa como armadilha, somos levados a uma rotina maior e mais chata que é uma seqüência de mesmos fatos tediosa. Há de se fazer o inverso, de se buscar no verso a criatividade só existente quando não se sabe tudo e onde há espaço para mais de uma resposta, principalmente para outras perguntas. Aí sim temos um caminho fora das palavras cruzadas, atemporal e desenraizado.
* Renato Russo.
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