quarta-feira, dezembro 19, 2007

O avesso

Quem sabe com quem pareço quando canto?
Ou, quem sabe, sou bem mais eu quando escuto do que quando falo.
Não sei
Ou calo
Ou mudo, no canto do quarto, baixinho eu mudo


Engano, eu sei, que coisa séria.
Melhor descer, desligar, me calar
Mas, aí pergunto, por que calar só?
Não vale mais, muito mais, apagar tudo, silenciar mesmo?

Mudo. Mas para o mesmo lado

Para qual mais seria? O avesso




terça-feira, dezembro 11, 2007

desperdício

a caneta. usava a caneta como ponte entre o ópio e suas veias

buscava a veia artística, em vãos de muitas outras

(é possível que tenha sempre errado

e os rompantes tenham sido apenas de delírio)

azul era o sangue de sua paixão

no limite, pendiam gotas virgens sobre um mundo profano
e branco

apontava a terra, em menções repetidas de semear alguma coisa

Mas era infértil.