segunda-feira, dezembro 15, 2008

Droga antiaids do País custa 7 vezes mais que importada

Mas deve dar menos trabalho deixar tudo como está...

terça-feira, novembro 25, 2008

dúvida transeunte:
cada linha que podo
é um mundo que cabia?
ou cada descida
dessas
é um silêncio que agonia?

quarta-feira, novembro 12, 2008

já não vejo longe assim
estou um tanto distante
de mim
e do instante agora
deslocado no tempo: demora
invento

sábado, novembro 08, 2008

Guanabara

Aqui as nuvens são diferentes
Formam-se aqui, são nativas
Lá (aí) são importadas
Vêm de fora, chegam prontas

Lá (aí) as coisas são diferentes
A água é gelada
Fria, de renguear cusco
Já aqui, também

Eu sento na sombra e olho a volta
Mas não deixo o guarda sol
Ainda receio um pouco

Olho da janela
Escureceu e molhou
E os mendigos formam fila para dormir.

quarta-feira, outubro 01, 2008

diversoeavesso


Mixwit make a mixtapeMixwit mixtapes

"Wonderful theory, wrong species"

Edward O. Wilson, sociobiólogo, sobre o marxismo, que seria mais adequado às formigas que aos humanos.

terça-feira, setembro 30, 2008

Origem


Já disse tudo de interessante que podia
Pronto.
Agora eu sento e espero

Um dia enche novamente o tanque de idéias
Gota a gota
bem na lenta

Dizem que elas vem do sul
As idéias, elas vem de lá
Primeiro esfria
E elas chovem.

terça-feira, setembro 23, 2008

Salvando pedaços

É em partes que a coisa anda
Desenha curvas com seu rastro
Riscos bifurcados
Rostos rasgados
E um sono profundo

De ontem em diante tomo uma atitude...
... não, minto,
paro e retomo. Agora sim

É difícil linkar,
emoções não têm memória
Sentem, a cada hora
E cada vez, sentiram sempre assim.

Licença agora.
Podia lapidar um pouco mais,
Esperar outro retalho.
Mas não.
Chega de deixar para trás.

quarta-feira, agosto 20, 2008

Guardar - Antonio Cicero

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.

Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.

Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.

Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.

Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

sábado, agosto 16, 2008

Novamente, os incentivos

Dois grupos de tamanhos equivalentes, com objetivos semelhantes, atuando sob as mesmas regras e em um mesmo "mercado". De posse da informação que a remuneração total dos integrantes do primeiro é 4 ou 5 vezes a remuneração do segundo, a teoria econômica indicaria que aquele teria um desempenho superior ao deste, tudo o mais constante. Entretanto, ao observarmos os 2 maiores clubes de futebol do Rio Grande do Sul, a evidência empírica sugere exatamente o contrário. Enquanto o Grêmio, com um grupo de jogadores de baixo custo para os padrões da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, sustenta a liderança em praticamente todos os indicadores de desempenho, o rival Internacional, com um dos grupos mais caros do futebol nacional, não consegue avançar para além de posições intermediárias na tabela de classificação.
Será que, para o futebol sul brasileiro, a teoria econômica não se aplica? Ou será que a relação correta é quanto mais barato um jogador, melhor seu desempenho e quanto menor seu salário, maior será seu esforço em prol do grupo? Creio que, se esta fosse a relação correta, clubes como o São José de Porto Alegre ou o São Luiz de Ijuí seriam, sistematicamente, mais bem sucedidos do que a dupla Grenal no Campeonato Gaúcho, por exemplo. Assim, é necessária uma explicação mais convincente para este fato.
É preciso registrar que tudo o mais não é constante. Mas, ainda assim, as diferenças parecem apontar em favor do Inter. Diferenças de entrosamento entre os grupos de jogadores poderia ser responsável por uma diferença de desempenho que compensaria a superioridade das peças individuais do Inter. Mas, o grupo tricolor é até mais novo que o grupo colorado. O grupo que vinha jogando até o meio do ano no Inter se conhece a mais tempo e já era mais caro e mais bem remunerado.
Neste ponto, um esclarecimento, se faz importante. Estamos supondo (alguns vão discordar) que os dirigentes não são idiotas. A implicação prática disto é que um jogador custa caro porque já mostrou que é bom. Um jogador é barato ou porque é ruim mesmo, ou talvez porque ainda é muito novo e não sabemos muito sobre suas capacidades. Sim, existem exceções. Um fulano em algum time da série C que nunca recebeu a devida oportunidade, ou o estrelinha que é contratado por rios de dinheiro e não joga nada. Mas podemos inserir estas assimetrias informacionais ao modelo sem problemas. A qualidade de um jogador segue determinada distribuição de probabilidade cuja média aumenta de acordo com seu preço.
Além da qualidade, uma outra variável que pode influenciar o desempenho do grupo é o esforço de cada um dos seus integrantes. E é razoável supor que o desempenho esteja diretamente relacionado com este esforço. E por que alguns ou todos os jogadores haveriam de se esforçar? O esforço não é uma variável diretamente observável. É difícil afirmar que um jogador está dando o seu máximo ou se ele está "enganando" um pouco. Ele sabe melhor que seu treinador se poderia correr um pouco mais ou focar-se mais nos treinos. É do interesse do clube que seus atletas se esforcem ao máximo, dêem seu sangue pelo clube. Mas, para o atleta, o esforço é um custo, como em qualquer outro trabalho. Pois, porque o esforço não é diretamente observável, pagar altos salários pode até ajudar a trazer jogadores talentosos, mas não necessariamente os incentiva ao máximo esforço.
Uma possível resposta para a diferença de desempenhos apareceu na imprensa especializada na última semana. De acordo com o site de notícias esportivas do Terra, "no Grêmio, metas alcançadas valerão prêmios em dinheiro". Valores crescentes são oferecidos ao grupo de acordo com as conquistas no Campeonato Brasileiro. Cada rodada dentro do grupo que se classifica à libertadores rende R$50 mil ao grupo. Uma vaga para a Copa Sul Americana vale R$800 mil. Um lugar na fase preliminar da Libertadores vale R$1,5 milhões e uma vaga direta R$2 milhões. O título do brasileirão vale R$3 milhões para serem repartidos entre o grupo.
Confesso que não sei como funciona a política de remuneração variável no Internacional. Mas, caso a maior parte da remuneração do elenco colorado seja composta por salários fixos, então, a diferença de desempenhos é bem explicada pela compatibilidade de incentivos nos dois grupos. A compatibilidade de incentivos é uma característica do comportamento de indivíduos em grupos nos quais a melhor estratégia de um indivíduo é seguir as regras. Supondo que grande parte da remuneração dos gremistas é variável enquanto a remuneração dos colorados é toda ou principalmente fixa, os dirigentes gremistas souberam desenhar regras que garantem compatibilidade de incentivos entre o clube e os jogadores. Isto é, a melhor estratégia para os jogadores é um alto esforço. Como o desempenho (variável observável) relaciona-se diretamente com o esforço (variável não observável), o tipo de contrato desenhado pelos dirigentes gremistas oferece alta remuneração para bons resultados e má remuneração para maus resultados. enquanto isso, para bons ou maus resultados, os jogadores colorados recebem o mesmo salário. Logo, os objetivos do clube, títulos, não são os mesmos dos seus jogadores, alta remuneração e baixo esforço.
É evidente que estes não são os únicos motivos que explicam o atual momento dos dois clubes. Fatores como presença de lideranças, ambiente de trabalho e tantos outros fatores sujetivos (o famoso jargão, futebol é momento) são tão ou mais importantes para explicar os desempenhos dos dois times. Também, os jogadores não são máquinas que procuram tirar o máximo de dinheiro dos clubes e descansar o máximo possível. O simples fato de colocarem um título a mais em seus currículos seria motivo para aumentar o esforço despendido. Mas, não há como negar que o dinheiro é um excelente incentivo de curto prazo e que o tipo de contrato a que cada grupo está sujeito deve explicar, ao menos uma pequena parte, de porque o grupo mais fraco apresenta desempenho tão superior ao do grupo claramente mais forte.

segunda-feira, agosto 11, 2008

falt'ar

corredor de espelhos
(a fuga não procede)
caminho em cacos
vãos e falsos

não penetra uma luz
não sobra um escuro
é tudo tão sem falta
falta de fim
e de começo

ah, a vida ao avesso
olho no espelho que trai
distrai

um cômodo átono
de fôlego trôpego
rio represado

quinta-feira, julho 24, 2008

Folha

Uma folha de papel
com teu nome
diz
me espera

Encontrei no fundo
da gaveta
da memória
uma foto

Uma foto
bem da época
em que eu
que dava as tintas

Hoje não
hoje sento
olho a folha
e te espero.

sexta-feira, julho 18, 2008

deSoito

ultimamente
não tem me saído
um oi decente

segunda-feira, junho 23, 2008

Se não me engano, foi sempre assim
Passa um dia e passa outro
Pode olhar nos livros
É sempre assim

Pode correr
Pode esperar ou gritar
Me contaram isso
É sempre assim

Até achava que não
Que comigo não, violão
Me surpreendi
Comigo sim

E o dia todo esperei por notícias
Queria uma mudança
Me iludi
É sempre assim

segunda-feira, junho 02, 2008

aurora

lá vem

e é bom

ouvir

antes que se fosse

tarde de

retornar pra ventura

de velejar nesse barco

de mais verso

segunda-feira, maio 26, 2008

De volta ao mesmo lugar

Meu retrato no fundo do quarto
Do quarto escuro, lá do outro lado.
Eu num agosto passado.

Eu num maio presente
No pátio, nos fundos
O gosto de frutas, passado.

Subo de volta e não paro
Invento de novo
Agora é um mate

Receio num clique
O mundo empacou
Daqui eu não saio.

terça-feira, maio 20, 2008

Num tabuleiro eu passo
Uma tarde inteira
E engraçado eu acho

O bispo passou a tarde
Ensaiando comer a rainha
Se fazendo de macho!

Mas foi só um descuido
Um avanço mal dado
E acabou comido
Que cara de tacho!

quinta-feira, abril 24, 2008

quarta-feira, abril 09, 2008

What´s the ugliest part of your body?

What´s the ugliest part of your body?
Some say your nose
Some say your toes
I think it's your mind

FZ

quarta-feira, março 26, 2008

Wingedleaves

Um monte de coisa legal e diferente para baixar. Sugestão: The Mars Volta

terça-feira, março 25, 2008

III Canto - I rascunho

Um pé no chão
e outro suspenso
quem sabe dançando
a fogo lento

A vida chama
que acende e queima
vida derrama
um balde de tinta na gente

E a gente vela
e desvela
a gente tenta
Pô-la na tela

Fazemos arte
a gente parte
e a vida
cumprimenta

Música: Gabriel Marques
Letra: Rômulo Arbo
Não consegui postar o link pro Cê, último do Caetano (2006, eu acho, mas nunca tinha ouvido). Então deixo uma frase dele que certamente antecipa um post meu, dita numa entrevista pra Folha, também lá por 2006. Mas se não ouviu o disco, procura e ouve, achei muito bom. E olha que nunca fui muito de Caetano.

Fica a frase...
"A esquerda é como torcida de futebol. As pessoas ficam cegas. Eu sou um simpatizante da esquerda por sede de harmonia, de dignidade e de Justiça. Mas vejo freqüentemente que a esquerda é quem mais ameaça essas coisas que me levaram a me aproximar dela."

Odes

quem sobrevive ao des
contexto?
ninguém contesta
- ninguém, constato

des
ocupa lugares
que nem ares
vão

des
de tudo o avesso
de nada também
...tem

des
cubro de versos
de poucas palavras
um único lúcido,
um único louco

des
arranjo dois tempos
e tento curá-los
espelho
mas sem solução

des
vi o olhar
de um desses óbvios
dessas causas, desses efeitos

des
acordo no meio
de uma aflição
des anima o profeta, o cometa e o avião

des arranca dores
amores e heróis
destrói a obra que começa
e a constrói num outro des aviso

des
liga a tv
passa o café e
cansa
desmorona também
aquele que mora

A vígilia (começa no sonho)

Dava-se assim. Sobre seu ombro tagarelava uma ave de penas aveludadas. Seus olhos diziam apenas - sem sobre isso deixarem dúvidas - que a habilidosa língua não cansaria nas horas vizinhas (eram olhos a verem dois lados de uma só vez, conscientes da enorme fila de idéias que se amontoavam na mente insana daquele papagaio). Seu ouvido direito, que tinha o privilégio de ouvir as últimas sempre em primeira mão, já funcionava como uma dessas desconhecidas vias por onde passavam seus próprios pensamentos, de modo que poderíamos dizer, sem prejuízo algum, que era a ave a pensar por ele - pelo menos enquanto desperta. É verdade que seus sonos nunca coincidiam, já que o silêncio, para ele, ganhara tons insuportáveis. Não falava, o dono do ombro - pelo menos não enquanto desperto. E, provavelmente, seus textos oníricos fossem uma desordenada reverberação do que ouvira em vigília. Do sonho pulavam palavras como peixes exaustos de água. Eram breves os saltos e logo o mergulho. Num dos raros momentos, o ar preso, o ar tenso, um raio de luz servindo de linha, uma palavra como que pescada - e, ao mesmo tempo, salva - de um profundo e negro pesadelo. E não foi murmúrio, não teve o azedo da boca. Foi como um soluço, sintético e dono de si. O dono do ombro disse e quem teve perto ouviu; o mais distraído ouviu. Ouviu o irrepetível.
E depois também sonhou.

segunda-feira, março 24, 2008

Desabar

enxada não é uma palavra pontiaguda
como faca
mas dói a pancada
- dói pacas

ele escolheu palavras secas
nada que a atravessasse
algo que matasse
por hemorragia interna

burilou uma alavanca de metal
em uma dúzia de sílabas
uma frase rasteira, os olhos cínicos segurando o tempo do tombo
o tempo do tombo pesando, a cabeça
enxada

não fez corte, não foram palavras pontiagudas
a morte foi interna
e as lágrimas já nem eram de desilusão
desabaram de um corpo tombado, vítima de enxágue

morreu numa cascata acidental

sexta-feira, março 07, 2008

Por querer

Silvia caminhou sozinha através do parque escuro e escolheu um banco isolado o suficiente para pensar e desabou. Com certeza não convinha a uma guria, ou qualquer um que tivesse algo a perder, andar àquelas horas em tal lugar. Não via ninguém por ali, somente vultos que deslocavam-se por entre as árvores, como se o movimento fosse necessário para a sobrevivência naquele habitat.

Vinha da rua pouco iluminada que presenciara seu quase choro evidenciado por seus olhos vermelhos. Havia postes de quando em quando, intercalados por escuros que a protegiam. Mas ainda podia ser vista por qualquer estranho que passasse. Um rapaz fumando na janela do prédio da outra calçada a deixou mais envergonhada. Preferia sair dali.

Tinha há pouco descido do ônibus no qual o cobrador, o casal do segundo banco e o senhor no fundo olhavam-na como a um animal raro que quer explodir de tanto chorar. O motorista continuou a guiar mas, mesmo assim, a viagem pareceu durar uma eternidade, tantas voltas deu aquele ônibus. As curvas misturadas com sua cabeça cheia deixaram-na enjoada. Precisava urgente de ar fresco.

Saiu do prédio sem saber se sentia raiva ou uma tristeza vazia e escura e que toma o lugar de todas as outras coisas até deixar tudo completamente gelado. Não era a primeira, mas não sabia se não era a última. Os seus olhos tinham uma coisa diferente desta vez. Ele disse e mirou prá acertar. Ele escolheu as palavras pela dor que elas trariam.

quinta-feira, março 06, 2008

Pois eu quase parti.
Já com a mala fechada caiu tudo por água abaixo.
Agora vou, mas numa viagem menor.

Vou bem mais perto e volto logo
E tudo fica prá mais longe
Volto a esperar até a hora chegar

Sucede assim, o doce tirado
Fico parado e largo a mochila
Só me resta contar

Ou quem sabe, já que não foi agora
Fica prá mais tarde, aguardar de novo não é mais problema
Ainda resta comemorar.

Desavisado

Fôra devidamente avisado sobre a natureza daqueles homens, cheios de dúvidas. Preparou-se para um arsenal de perguntas como quem se prepara bem para um arsenal de perguntas: juntou um punhado de substantivos bem substantivos e não economizou energias em trabalhar nos melhores adjetivos. Era simples, mas potente, tinha certeza.

Debruçou-se na tarefa de distribuir didaticamente as palavras pelas frases e chegou a testá-las no ar. Eram belas as frases suas. E diziam tudo. Ainda assim, fez lembretes pra animar a memória. Via-se municiado de todas respostas.

Foi quando um homem só lhe pregou a peça. Um homem muito só. Tão só nesta vida que desacompanhado da mais elementar das dúvidas. Um homem que, antes de não saber, não detivera a sombra do que um dia chamou-se pensamento. Este homem, que nunca pensou, não podemos dizer que era um ignorante.

Pois bem, foi este homem que nem chegava a ser ignorante que o deixou mudo, frente a tamanha pergunta. Uma questão cínica de tão tarde que lhe vinha bater a porta. E trágica, pois parecia acelerar o tempo de uma forma absurda, que seu coração nem faria menção de acompanhar. Estático, boquiaberto. Certamente fôra neste instante, no instantâneo deste instante, que lhe entrara pela boca a pergunta do outro, e foi tomar seus pulmões. Ar. A pergunta lhe salvara. Mas como viveria com uma dúvida daquelas?

morte no primeiro dia

Renato controlava sua impetuosidade inata

com doses mensais de quatro domingos

nas segundas renascia em si

(tempestades cinza-escuras)

chovia na terça em treze minutos

e na quarta-feira era evaporado

e na quinta dose de um fígado cansado

derrubava a mesa de um jogo acordando

consertava arestas, era sexta-feira

pressentiu um sopro de dias passados

mas não via o tempo, era muito lento

eram sete dias e já estava indo

era um tanto louco aquele de repente

já chegou domingo, já morreu Renato

Desumana

coberta de neve parecia nula
não estava mais, não estava nua
nada parecia com uma voz que soa
nada se mexia, nem a vida à toa
era um frio isento deste que arrepia
um vazio que corta deste que ignora
ela não sofria, tinha a pele dura
era branca a pele e nem refletia
não havia vento, nem um som suspenso
eu olhava aquilo e nem era denso
de uma violêcia que emudece o eco
era tão intenso que não repetia
tinha tanta idade quanto um segundo
era tão estranha tanto quanto o mundo
decorou o livro todo
como se o tivesse tatuado em pensamento

era tatuagem que ostentava orgulhoso
decorou o livro todo

mas era um livro ruim
desses que levam a vida
pra contar

o que faz o sofrimento

- sequer uma palavra
,disse
e ninguém emitiu um ai

houve o som
ainda que você não possa ouvir, houve

hoje só se lembra de ouvir
a gente muda
(que não quer repetir)

Descaminho

olho do avesso minhas passadas
passo desencontrado, joelho torcido
indago como terei sido

a sombrancelha cede:
sou desta linha

desta linha que atravessa um tango
e submete o passo
que repete o giro
até cansaço

desta linha que tropeça em fuga
até que muda e sobe um monte
e antes da pressa
olha enviesado os vales
que antecedem horizonte

terça-feira, janeiro 29, 2008

Verdes Raros

Sonhos sensatos e raros mergulhos
Um gozo de tempos em tempos de paz
Jogos de almas, palavras trocadas
Cadeia de eventos em ventos do sul.

Bato de frente com verdes mareados
Batem na fronte os verdes mareados

Contam histórias, afogam silêncios
No verde sem fim, fui aprisionado
Conta comigo de novo começo
Não escondo mais meu sorriso.

Bato de frente com verdes mareados
Batem na fronte os verdes mareados

terça-feira, janeiro 22, 2008