não dão sossego
ao tempo
ansiam pelo depois
correm pra vê-lo correr
morrem por vê-lo passar
(gente passatempo
todo mundo quer girar)
a multidão apressada
respira por indícios
num repente, outro início
a gente cega
não deixa sossegar
o amanhã nem amanhece
e aquela gente esquece
marca-se o espaço
atravessado em ponteiros
bengalas em punho e adiante
(bom dia é um dia escapado, veloz)
bebe-se da hora alheia
em cronometrada arena
perde-se no descanso:
a lança fere um ponto
e hora escorre por vão de artéria
soluços frenéticos de um dia passageiro
que engole o relento da noite
e em raras madrugadas
quando ninguém está olhando
o sereno desce ligeiro e deita
umedece a vida, teimando ainda doce
a vida lenta
a vida não admirada
(olhos de gente nunca chegam)
terça-feira, junho 19, 2007
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