terça-feira, maio 09, 2006
cenas surreais
O surrealismo aplicado ao cinema, a partir de filmes como L'Âge d'or (Buñuel/Dalí,1930), perde um pouco da sua espontaneidade. Isso porque não se pode fazer um filme totalmente sem critério, na medida em que alguma seqüência de etapas deve ser seguida. Qualquer linguagem mais poética ou simbólica aparece de forma mais tênue na película, por falta desta automaticidade. Em contrapartida, a linguagem cinematográfica parace facilitar a compreensão, ou melhor, instiga a vontade de compreender, porque coloca o pensamento em movimento, por mais non sense que sejam as cenas, existe aí uma lógica análoga à lógica do sonho. Há um choque, uma provocação que corre paralelamente e durante toda a projeção das imagens e som (havendo som). E é nessa arte que conseguimos com maior rapidez as respostas a esses questionamentos, sejam elas conclusões genuínas ou simplesmente frutos de ilusões do espectador. O cinema cria, a priori, um contexto que em outras artes existe de forma menos perceptível. Ainda que não se entendam, as questões, de uma certa forma, se encerram.
Por isso é que é mais fácil, por exemplo, rir até chorar numa sala de cinema.
Ouvindo A certain romance - Artic Monkeys.
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2 comentários:
Eu já assisti A idade do ouro. Foi o único filme surrealista que assiti. Confesso que gostei da experiência do surreal, mas não posso dizer que "entendi" o filme, pressupondo que ele se pretende entendível.
Ah, também não posso dizer que entendi o filme, e creio que muitos desses filmes não têm essa pretensão. Se não me engano foi o Buñuel que disse que 80% do que as pessoas diziam ver em seus filmes não representava nada do que ele queria ter transmitido, ou seja, estava no olho de quem assistiu.
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